quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Para Meire Sacramento

Não lembro de qualquer pedaço da minha existência sem ela..
Sempre presente... me deixava azuada com tantas reclamações, reclamava do meu cabelo despenteado, da minha preguiça de todos os dias, do meu vicio pelos livros.
Lembro da gente criança, ela tinha um corpo magro e um cabelo tão bonito, ela não achava o cabelo bonito, e eu não entendia porque eu não tinha aqueles cachos, nunca achei justo não ter.
Ela me disse que minha mãe me achou numa caixa de sapatos uma vez, fiquei dias chorando escondida num canto, me vinguei revelando a minha mãe que ela tinha um namorado, e me frustrei quando mainha aceitou... Eu era uma criança e não entendia aquele abismo de 7 anos que separavam as nossas idades...e virava e mexia eu estava colada nela, em todos os lugares, na praia, na rua, no shopping... mãozinha esticada pra ela me segurar...
Em casa era aquela briga, ela mexia nas minhas coisas, e eu pegava os cremes de cabelo dela, ela rasgava minhas agendas, e eu deixava os pratos sem lavar... vivemos muitos anos assim, eu achava que minha mãe defendia ela, e ela achava que minha mãe defendia a mim, mainha amava as duas, e ficava no meio da guerra....
Crescemos, nossa mãe já não está entre a gente conciliando nossas diferenças, nós brigamos menos e cuidamos uma da outra e das outras irmãs (que eu vou falar em outro texto e que eu amo igual)... ela casou e foi morar longe, e eu fiquei onde crescemos, olhando a casa que foi nossa durante muitos anos....
Ela tem uma filha linda e eu nem penso em ter filhos, ela é dona de casa e eu cidadã do mundo, continuamos diferentes, e tão iguais..
Minha irmã tem um coração mole e é absurdamente teimosa, finge que concorda, mas faz do jeito dela... parece uma criança crescida, eu as vezes me  pergunto se trocamos de lugar, eu com meu excesso de responsabilidade, totalmente acelerada  e ela simplesmente vivendo um dia de cada vez, ela tem um riso frouxo, de tudo ri e eu chamo ela de bocó, ela me leva no papo, tem um jeito de me convencer... me enrola até eu ceder...eu sempre cedo.
Mas ela me deu um susto, do nada... Me deixou alerta, e pela primeira vez pensei no meu mundo sem ela, eu nunca tinha imaginado meu mundo sem ela... ela simplesmente estava ali o tempo todo, como poderia imaginar diferente?
E de repente eu me vejo querendo ligar o tempo inteiro pra perguntar se ela bebeu agua, se comeu menos sal, perguntar se comeu salada, e mais frutas, se ela precisa de mais alguma coisa.
Eu queria poder estar perto pra tomar conta e fazer ela entender as coisas direito, que com saúde não se brinca, nem com o coração dos outros.
O que seria de mim, sem voce na minha base? O que seria da minha vida sem tudo que a gente vive desde que eu lembro que eu existo?
Dá pra se cuidar um pouco mais?
Se não for por você, se cuida por mim, menos sal, mais agua, mais frutas e verduras, mais caminhadas, mais tempo pra gente andar juntas, rir juntas, chorar juntas, no meu pedaço de mundo vive um tantão de você.
Minha super melhor amiga, não imagino minha existência sem você.
SE CUIDA POR MIM MINHA IRMÃ, EU TE AMO DEMAIS.

Salvador sua linda, você ta barril!


Salvador sua linda, você ta barril!


Pensei nessa frase hoje ao visitar o bairro do Comércio, fazia tempo que eu não colocava meus pezinhos nesse canto da cidade e me surpreendeu a bela estrutura do embarque de passageiros no Porto de Salvador, lugar este que por acaso era meu destino.
O trabalho me levou ao porto para visitar um Navio, uma bela maneira de começar o dia.
Aquele imponente equipamento encheu meus olhos de beleza.
Dentro do navio muito luxo, 5 refeições dentro de uma mesma refeição, piscina aberta, piscina coberta, spa, academia, lojas, teatro, escada de cristais, uma infinidade de produtos para quem pode gastar um pouco mais e quer um bom descanso.
Fim do passeio, pé de volta na realidade, aquela profusão de cores na saída de passageiros botou um sorriso em meu rosto...  Lugarzinho bonito esse que Deus escolheu pra eu nascer.
Tinha uma diversidade imensa de cores de gente sorrindo e saindo do barco, e cores nas cangas estendidas ao longo da avenida, cores nos ônibus, nas roupas e  apesar do tempo nublado, o brilho do povo combinava com o sol que insistia em aparecer entre as nuvens.
Saio do desembarque direto pro ponto de ônibus, cidade quente, a roupa preta me incomoda, o ônibus demorando, a pergunta foi inevitável para uma vendedora que estava próxima e como uma boa soteropolitana, larguei o doce:
- Ohh Minha Linda! Você sabe por que o buzu ta demorando?
A resposta cheia de intimidade (todo baiano é intimo) veio em seguida:
- Oww Ninha! Ta tendo protesto pro lado do DETRAN, você não ta sabendo não? Você ta indo pra onde?
- Shopping Sumaré, Avenida Tancredo Neves.
- Pega aquele la na frente que passa perto, mas se prepare pra paleta, voce tem que descer bem antes!
Peguei o ônibus e as cores me acompanharam, pessoas, roupas, sorrisos e adereços, tinha tempo que eu não olhava minha cidade com esses olhos de turista soteropolitana.
 Cedi o lugar para um senhor, e fui acompanhando com o olhar  as gentilezas que se manifestaram em seguida;  toda vez  que entrava um idoso, alguém gentilmente cedia o lugar, sem cara feia, sem briga, sem sonos repentinos...senti um orgulho íntimo J... vi uma grávida que subiu, mas tinha muitos idosos sentados na frente e ela ficou em pé ao meu lado, o senhor para o qual eu cedi o lugar, ofereceu o lugar pra moça e disse “Pode sentar minha filha, que esse menino ai dentro deve ser dos grandes”
Fiquei distraída com meus pensamentos com um sorriso iluminando meu rosto quando  prestei atenção na paisagem e notei que o ônibus parou no ponto em que eu deveria descer. Um leve desespero bateu porque eu ia perder o ponto, levantei rapidamente,  quando uma voz salvadora gritou:
-Segura o buzu motô, que eu vou descer aqui!
Desci junto e feliz a caminho do trabalho que ainda me esperava....
Salvador ,Sua Linda!  Ainda bem que eu moro aqui!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Amor com cobertura de Brigadeiro e recheio de Beijinho!



     Hoje eu tive um dia atípico e de fato especial, demorei a me dar conta das lições que recebi, mas antes tarde do que nunca.Pra que todos entendam, vou precisar resumir o final de semana, no domingo, dia 27 de dezembro, foi meu aniversário. Desativei a notificação do face e tenho tentado reservar esse dia para reflexão. Recebi algumas felicitações de pessoas queridas via whatssapp e face, recebi o abraço e o carinho da minha familia que estava comigo e 2 telefonemas, 1 de meu pai e outro de um cliente, incrivel como o whathsapp e o face substituiram o contato verbal, mas o contato existe, as pessoas lembram e isso não tem preço; o meu niver aconteceu no ultimo dia de um feriado prolongado, do feriado do natal onde todos estão voltados para a festa, a familia, a confraternização e eu ja me acostumei com esse detalhe, porem, na empresa onde trabalho é hábito que se comemore os aniversários dos colegas, uma lista com as datas está pregada no mural e cada vez que uma chega, todos já esperam o bolo e os parabens, mas no meu aniversário foi diferente, caiu num domingo, ultimo dia de um feriado de 4 dias do natal, todo mundo cansado e na expectativa do reveillon, quem na segunda feira iria pensar em bolo e parabens? Como eu já disse, já estou acostumada com os lapsos de esquecimento de forma geral, meu aniversário cai numa data complicada e eu de fato tenho reservado ele pra mim.
A segunda feira transcorreu normalmente, algumas felicitações dos colegas, alguns amigos retardatarios nos parabéns mandaram mensagem e o dia acabou com a normalidade que lhe cabe. Mas amanheceu a terça e para minha surpresa ao chegar no trabalho a faixa de parabens estava sendo colocada na minha mesa pela pessoa que adotei como filha dentro da empresa, o sorriso dela estampado no rosto esbarrou no meu mal humor matinal e já fui falando, pode tirar q meu niver ja passou, foi domingo, no maximo poderia ter sido feito algo ontem, hoje já nao tem mais graça! Sorriso desfeito, ela foi pra copa, eu fui tambem, descobri bolo e brigadeiro e uma cara de decepção de frente pra mim. Ela quando viu que nao houve a costumeira comemoração de aniversário no dia anterior, fez sozinha um bolo(com cobertura de chocolate e recheio de beijinho), fez brigadeiro, comprou suco, sozinha, simplesmente pra que eu nao me sentisse triste pela ausencia de festa, me explicou com os olhos cheios de lagrima que nao fez um dia antes pq estava sem dinheiro e estava fora de Salvador durante o feriado,mas nao queria que meu aniversario passasse em branco... Meu coração foi para as cordas, nocaute em segundos com aquelas palavras, fiquei sem graça,sem palavras deixei as lagrimas rolarem livres pelo meu rosto, me emocionei com o gesto sincero de afeto que eu estava recebendo, me emocionei com a simplicidade que ela encontrou pra demonstrar que se importa comigo de verdade(vou buscar na memoria palavras, mas é dificil traduzir o que senti).
     Em minha vida eu ja recebi muitas manifestações de carinho de meus amigos, da minha familia, e essa, assim como as outras me tocou de uma forma muito profunda, minha filhota, tão novinha, nem sabe fazer comida, se esforçar, passar a noite a fazer um bolo(com recheio) fazer brigadeiro, carregar o peso ate o trabalho e aguentar a minha falta de educação(que foi perdoada) uma vez que eu nao tinha noção do esforço que ela fez pra me deixar feliz.
     Eu sinceramente não sei se mereço, mas agradeço imensamente a Deus por permitir que eu viva momentos como esse, agradeço imensamente por colocar pessoas por perto pra me dar sustentação quando eu acho que to caindo, por me fazer ver que ele manifesta o seu amor por mim através das pessoas que me cercam. por ter me dado essa filhota que eu amo muito, que não me arrependo de ter adotado, e que ainda que eu nao possa manifestar todo carinho que sinto por ela diariamente, jamais esse carinho será diminuido ou minimizado. Não tive a festa habitual, mas posso afirmar com a mais absoluta certeza: a minha foi especial! Teve amor com cobertura de brigadeiro e recheio de beijinho!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

CACOS...

Existe uma grande diferença entre se importar de fato e não aceitar a dor do outro, ou não compreender...
Por achar pequena, por achar desnecessária ou simplesmente por não combinar.
Simplesmente não combina essa curvinha pra baixo em seu rosto, não faz sentido, não tem razão de ser, seus motivos não importam, a obrigação é de estar bem em tempo integral.
A mão no ombro e os ouvidos atentos, a amizade tão solícita as vezes acompanham aquela crítica marcada pela falta de respeito não proposital, ou proposital, como se fosse fácil pegar tudo que dói na gente e amassar como um rascunho que já não serve pra mais nada e jogar num baldinho colorido para ser reciclado.
Seria interessante embarcar as nossas dores num caminhão de reciclagem e pegar de volta sentimentos limpos, novinhos em folha.
Seria bem interessante transformar a velha mágoa em esperança, desamparo em segurança, transformar em bem estar as frustrações.
Não se permita ficar assim, eu ouço... Jura?
Sério mesmo que aparenta ser puro masoquismo? Escolha pura e simples de não estar bem?
Será que vendem felicidade em cápsulas nas farmácias do meu bairro?
Será que perdi a promoção de alegria de algum supermercado?

Pode ser....

Vazia




Tentei lhe condensar em meus versos, mas só consegui um texto desconstruído, faltou liga nas palavras, ficou um desejo contido.

Roubei pedaços de textos de vários poetas, me apossei de todos eles na tentativa de expressar as dores que sentia, mas faltou liga nas palavras os desejos não batiam.


De todas as formas tentei te transformar em poema, mas faltou liga, faltou desejo, no meio das frases meu texto morria.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

sábado, 4 de janeiro de 2014

Sobre anjos e outras divindades.

Hoje eu vi um anjo trabalhando no supermercado
Passou por mim bem discreto, eu não sabia que anjo usava farda azul.

Ele organizava produtos abandonados em carrinhos abarrotados e os devolvia às prateleiras.
Trabalhava em silêncio.
Eu não sabia que anjos trabalhavam...
Continuei escolhendo algumas frutas
O anjo então falou num rádio, deu instruções a alguns colegas
E continuou seu trabalho...
Eu não sabia que anjos trabalhavam...
Não sabia que ele era um anjo
Entretida entre tomates, maçãs e outros itens, olhando cuidadosamente para não escolher nada estragado, vi o anjo demonstrar uma bondade surpreendente,
Os que passavam pelos cartazes anunciando ofertas não notaram o gesto do anjo,
E se eu não tivesse em busca do preço da abóbora, provavelmente também passaria distraída, mas algo me fez percerber aquela cena.
O anjo se aproximou de uma humilde senhora que discretamente chorava
Chorava por estar no meio de tantos alimentos, todos ali, ao alcance de suas mãos, mas ela não dispunha de dinheiro suficiente para leva-los para casa. Foi o que ouvi ela responder ao ser questionada sobre o choro pelo anjo.
Ele então se ofereceu para ajudar a senhora, sem titubear um instante ofereceu suas palavras de conforto, ofereceu um gesto de solidariedade, ofereceu bem mais que alguns trocados para pagar os gêneros que a moça necessitava, ele ofereceu mais que alimentos, seu gesto foi um gesto de amor.
Ele foi questionado por um colega, sobre o motivo de estar perto daquela senhora, respondeu que o coração apertou com a situação daquele ser que é tão humano quanto qualquer um de nós....
E o mais incrível é que o colega que não pôde colaborar com o gesto, o abençoou tão logo o anjo virou as costas e numa breve oração quase silenciosa pediu que Deus abençoasse aquele moço pelo gesto de caridade.
Eu assisti a toda essa cena que não deve ter durado mais do que 5 minutos, em frente a prateleira de produtos orgânicos, antes eu lastimava não ter abóboras descascadas e embaladas, depois da cena me senti envergonhada pelo egoísmo e pela preguiça...
Observei a senhora e o anjo indo em direção ao caixa, o sorriso de felicidade pelos alimentos que ganhara, o anjo discreto ao seu lado, não fez qualquer alarde de seu gesto
Eu fiquei com os olhos marejados, agradecendo a Deus por me mostrar que ainda vale a pena ter fé nas pessoas, pedi que abençoasse ao anjo do supermercado e a senhora que humildemente pediu o alimento. Me senti pequena diante da grandeza daquele rapaz que é invisível para a maioria das pessoas, mas que para mim naquele momento se tornou um ser humano de uma grandeza maior.
Depois de pagar as compras da senhora, ele voltou a se ocupar com as mercadorias abandonadas...
Eu não sabia que anjos trabalhavam...
Mas eles trabalham... Vestem aquela farda azul de funcionários de supermercado, vestem  o branco da farda da peixaria, eles organizam, atendem, limpam, eles cuidam da nossa vida.
Eles estão entre nós disfarçados de vizinhos, caixas de farmácia, atendente de lanchonete...

Anjos, podemos ser qualquer um de nós, que quando  abraçamos a dor do outro, chegamos um pouco mais perto de Deus.