quinta-feira, 13 de novembro de 2014

CACOS...

Existe uma grande diferença entre se importar de fato e não aceitar a dor do outro, ou não compreender...
Por achar pequena, por achar desnecessária ou simplesmente por não combinar.
Simplesmente não combina essa curvinha pra baixo em seu rosto, não faz sentido, não tem razão de ser, seus motivos não importam, a obrigação é de estar bem em tempo integral.
A mão no ombro e os ouvidos atentos, a amizade tão solícita as vezes acompanham aquela crítica marcada pela falta de respeito não proposital, ou proposital, como se fosse fácil pegar tudo que dói na gente e amassar como um rascunho que já não serve pra mais nada e jogar num baldinho colorido para ser reciclado.
Seria interessante embarcar as nossas dores num caminhão de reciclagem e pegar de volta sentimentos limpos, novinhos em folha.
Seria bem interessante transformar a velha mágoa em esperança, desamparo em segurança, transformar em bem estar as frustrações.
Não se permita ficar assim, eu ouço... Jura?
Sério mesmo que aparenta ser puro masoquismo? Escolha pura e simples de não estar bem?
Será que vendem felicidade em cápsulas nas farmácias do meu bairro?
Será que perdi a promoção de alegria de algum supermercado?

Pode ser....

Vazia




Tentei lhe condensar em meus versos, mas só consegui um texto desconstruído, faltou liga nas palavras, ficou um desejo contido.

Roubei pedaços de textos de vários poetas, me apossei de todos eles na tentativa de expressar as dores que sentia, mas faltou liga nas palavras os desejos não batiam.


De todas as formas tentei te transformar em poema, mas faltou liga, faltou desejo, no meio das frases meu texto morria.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

sábado, 4 de janeiro de 2014

Sobre anjos e outras divindades.

Hoje eu vi um anjo trabalhando no supermercado
Passou por mim bem discreto, eu não sabia que anjo usava farda azul.

Ele organizava produtos abandonados em carrinhos abarrotados e os devolvia às prateleiras.
Trabalhava em silêncio.
Eu não sabia que anjos trabalhavam...
Continuei escolhendo algumas frutas
O anjo então falou num rádio, deu instruções a alguns colegas
E continuou seu trabalho...
Eu não sabia que anjos trabalhavam...
Não sabia que ele era um anjo
Entretida entre tomates, maçãs e outros itens, olhando cuidadosamente para não escolher nada estragado, vi o anjo demonstrar uma bondade surpreendente,
Os que passavam pelos cartazes anunciando ofertas não notaram o gesto do anjo,
E se eu não tivesse em busca do preço da abóbora, provavelmente também passaria distraída, mas algo me fez percerber aquela cena.
O anjo se aproximou de uma humilde senhora que discretamente chorava
Chorava por estar no meio de tantos alimentos, todos ali, ao alcance de suas mãos, mas ela não dispunha de dinheiro suficiente para leva-los para casa. Foi o que ouvi ela responder ao ser questionada sobre o choro pelo anjo.
Ele então se ofereceu para ajudar a senhora, sem titubear um instante ofereceu suas palavras de conforto, ofereceu um gesto de solidariedade, ofereceu bem mais que alguns trocados para pagar os gêneros que a moça necessitava, ele ofereceu mais que alimentos, seu gesto foi um gesto de amor.
Ele foi questionado por um colega, sobre o motivo de estar perto daquela senhora, respondeu que o coração apertou com a situação daquele ser que é tão humano quanto qualquer um de nós....
E o mais incrível é que o colega que não pôde colaborar com o gesto, o abençoou tão logo o anjo virou as costas e numa breve oração quase silenciosa pediu que Deus abençoasse aquele moço pelo gesto de caridade.
Eu assisti a toda essa cena que não deve ter durado mais do que 5 minutos, em frente a prateleira de produtos orgânicos, antes eu lastimava não ter abóboras descascadas e embaladas, depois da cena me senti envergonhada pelo egoísmo e pela preguiça...
Observei a senhora e o anjo indo em direção ao caixa, o sorriso de felicidade pelos alimentos que ganhara, o anjo discreto ao seu lado, não fez qualquer alarde de seu gesto
Eu fiquei com os olhos marejados, agradecendo a Deus por me mostrar que ainda vale a pena ter fé nas pessoas, pedi que abençoasse ao anjo do supermercado e a senhora que humildemente pediu o alimento. Me senti pequena diante da grandeza daquele rapaz que é invisível para a maioria das pessoas, mas que para mim naquele momento se tornou um ser humano de uma grandeza maior.
Depois de pagar as compras da senhora, ele voltou a se ocupar com as mercadorias abandonadas...
Eu não sabia que anjos trabalhavam...
Mas eles trabalham... Vestem aquela farda azul de funcionários de supermercado, vestem  o branco da farda da peixaria, eles organizam, atendem, limpam, eles cuidam da nossa vida.
Eles estão entre nós disfarçados de vizinhos, caixas de farmácia, atendente de lanchonete...

Anjos, podemos ser qualquer um de nós, que quando  abraçamos a dor do outro, chegamos um pouco mais perto de Deus.